Projeto Sprint Social transforma vidas através do Esporte

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Com o início das Olimpíadas e das Paraolimpíadas em Paris, várias histórias de superação através do esporte chegam ao conhecimento das pessoas. Mas aqui em Mato Grosso do Sul, bem perto de nós, há muitas trajetórias inspiradoras, de jovens que se dedicam ao esporte e encontram um agente transformador para suas vidas.

O projeto Sprint Social – Paratletismo & Atletismo de Inclusão proporciona uma nova perspectiva de futuro, através do esporte, para mais de 150 atletas e paratletas. O projeto surgiu em 2005 com o propósito de treinar crianças e adolescentes. Na época, recebeu o primeiro nome “Seninha Atletismo”, por causa do fundador, Daniel Sena, professor de educação física há dezenove anos.

“Depois do trabalho de iniciação ao atletismo, conquistamos o apoio de um patrocinador importante, do setor de Loteamentos, e a gente pensou em levá-los para disputar campeonatos nacionais. Mas pelas regras da Confederação Brasileira de Atletismo e do Comitê Paralímpico Brasileiro, o atleta precisa ser filiado a um clube. Criamos, então, o Sprint Social”, detalhou Sena.

Todos os anos, eles rodam o Brasil e participam de etapas paralímpicas nas categorias escolar e adulta, e já fizeram campeões em todas elas. “Como profissional de Educação Física, entendo que o esporte é a maior ferramenta de transformação e isso que me motivou a criar o Sprint Social e fazer esse trabalho. Tenho muito orgulho dos nossos atletas, vencendo diversas competições, estaduais, nacionais e até mundiais, brilhando por onde passam”, conta Sena.

MUITOS TALENTOS REVELADOS

A primeira foi a Rayane Amaral, uma menina talentosa, chegou a ser a melhor velocista do Mato Grosso do Sul e integrou a seleção brasileira. “A gente fica muito orgulhoso em ver como ela cresceu, saiu daqui do Sprint Social, que na época tinha poucos recursos e foi brilhar em um grande clube em São Paulo: o Pinheiros” relata o treinador, que conta outras histórias vitoriosas como os paratletas Davi Wilker e Gabriela Mendonça.

“Eles foram criados aqui conosco e foram campeões brasileiros, campeões sul-americanos, campeões mundiais escolares na época, na França e depois na Inglaterra. E com isso despertou o interesse de grandes clubes de São Paulo. O Davi foi para o Centro de Treinamento Paralímpico, e lá ele ingressou num clube chamado Naurú de São Paulo, está até hoje lá, vive do esporte, e foi cria aqui do Sprint Social. Logo depois foi a vez da Gabriela, que também foi para São Paulo, mas para o Sesi e depois para o Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro onde conseguiu importante marca, que na época classificava para a paraolimpíada de Tóquio, mas infelizmente ela precisou se reclassificar e trocou de categoria, o que impediu a Gabriela de ir para Tóquio e foi um momento muito difícil para ela. Mas logo depois ela retornou para Campo Grande e no retorno, voltou para o Sprint Social e ficou conosco aqui mais de um ano e voltou para o Sesi. Ela foi convocada para os Jogos de Paris, para as Paralimpíadas agora”, fala Sena com entusiasmo.

Recentemente, quatro atletas foram pra Londrina-PR, pois receberam uma proposta, da UEL- Universidade Estadual de Londrina. Eles têm bolsa de estudo pela prefeitura e pela equipe da cidade. A velocista Isabel Teixeira, a saltadora Aryana Soares, a decatleta Júlia Lima e arremessador e lançador Gabriel Afonso, todos atletas convencionais.

Outro aluno que saiu do Sprint Social para alçar novos voos, foi o Denner Turaça, que é paratleta de baixa visão da classe T13, que é a classe mais alta do visual, velocista também, corredor de 100 metros e saltador, ele faz a prova de salto em distância. Hoje, ele tem a melhor marca do Brasil e a melhor marca sul-americana, e recebeu o convite do clube de São Paulo, Naurú.

NOVOS TALENTOS SENDO FORMADOS

E a equipe do Sprint Social segue formando novos talentos como o paratleta Aldrey Gonzaga, um jovem de 20 anos, que aos quatro anos teve paralisia infantil, que deixou sequelas nos membros inferiores. Ele compete com a bicicleta Petra e participa do Sprint Social desde 2022. “Aconteceu tudo tão rápido, até eu fiquei impressionado comigo mesmo, sempre gostei de esporte e recentemente embarquei no atletismo. Participei da primeira etapa nacional classificatória para o mundial de Kobe, no Japão, o índice que eu precisava era 17.01 e fiz 17.75, fiquei bem perto, mas acabei não sendo convocado. Na competição seguinte, já consegui essa marca. Infelizmente, não foi dessa vez, mas fiquei orgulhoso com o meu desempenho e sei que é um trabalho longo e tem ainda muita competição pela frente”, destacou Aldrey.

O esporte também une mãe e filho, é o caso de Maria Geralda de 51 anos e seu filho, Dalton Ryan, de 23 anos, deficiente visual. “Trazia meu filho aos treinos, que há muitos anos já pratica, ele compete nas provas de 100 e 200 metros. Como mãe é muito importante ter esses projetos, pois meu filho tem uma ocupação, uma motivação, todo um acompanhamento, é perto da nossa casa. Eu me cansava de ficar parada esperando, fiz amizade com as pessoas e aí me convidaram para treinar. Com o esporte, tudo muda, fiquei mais disposta, minhas dores sumiram e até de competições eu participo. O esporte é para todas as idades”, contou a Maria Geralda, que faz as provas de 100 metros e salto à distância.

Thiago Amaral, 41 anos, e Lucas de Carlo, 26 anos, perderam parte da perna em acidentes e hoje fazem arremesso de peso e dardo. Lucas acabou de entrar no projeto, tem apenas quatro meses de treino e está entusiasmado. “Eu não imaginava que tinha tanto atleta aqui. Depois que me tornei deficiente, vi que precisa fazer alguma atividade, e me indicaram o Sprint Social, está sendo muito bom para mim e não vejo a hora de começar a competir”.

Já Thiago era jogador de futebol americano e já está há cinco anos no projeto. “Depois do acidente eu fiquei três anos parado em casa e depois fui convidado a participar do Sprint Social, já competi em várias provas, inclusive já fui o quinto melhor do Brasil na minha categoria”, conta.

Outros jovens também participam do projeto, como a Ana Júlia de Oliveira Guerra, de 15 anos, que está no atletismo há quatro anos, mas integra a equipe do Sprint Social há um ano. “Eu faço a prova dos 400 e 800 metros e sempre nos campeonatos via a união dos atletas do projeto, enturmados e felizes, por isso quis entrar. É muito bom fazer parte dessa equipe”, destacou a jovem.

O Sprint Social conta com mais profissionais, como a professora Maria Ângela Lopes da Silva, atual presidente do projeto. “Eu trabalhava junto com o professor Sena, esse projeto foi um sonho e estou nele desde o início. É uma grande responsabilidade, porque sabemos do impacto positivo que tem na vida desses jovens, pois incentivamos o compromisso e o profissionalismo. Sem contar que muitos ex-alunos nossos, hoje já trabalham conosco como o técnico Douglas”.

Douglas Vieira de Amorim foi aluno da professora Ângela e do professor Sena e está no projeto desde o início como técnico. “É importante passar esse legado, temos alguns alunos que já fazem faculdade de Educação Física e pretendem voltar ao Sprint Social como técnicos. A evolução é muito grande, começamos pequenos, sem equipamentos adequados, usávamos cabo de vassoura para treinar os dardos. Hoje temos equipamentos oficiais, é gratificante ver isso”, fala com entusiasmo. Ele conta que alguns paratletas que estarão em Paris, já foram alunos do Sprint Social, sem contar a nova geração que está chegando e já apresenta ótimos resultados.

E desde 2019, o Sprint Social também conta com o técnico Carlos Igino Nogueira, que fala emocionado sobre o trabalho do projeto. “É maravilhoso ver a evolução deles, engrandece o nosso coração, porque o esporte transforma tudo ao redor e sempre gostei de trabalhar com a base e nos tornamos uma família”.

O Sprint Social Paratletismo & Atletismo de Inclusão tem o patrocínio da Plan Loteamentos e apoio da Fundesporte. Conheça mais através das redes sociais @sprintsocial_ms

Borsari Comunicação

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