Projeto usa a arteterapia no acolhimento de pacientes psiquiátricos

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Com o objetivo de utilizar a arte como uma forma de terapia para ajudar na recuperação dos pacientes psiquiátricos, o Hospital Universitário de Grande Dourados (HU-UFGD), filiada à Rede Ebserh, realizará, nos dias 21 e 28, uma oficina de pintura de vasos e plantio de mudas com pacientes internados na ala de psiquiatria. A ação integra o Projeto Arte & Saúde, ação voluntária da Liga de Psiquiatria do curso de medicina da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

Cerca de 45 pessoas estão envolvidas na iniciativa, que acontece todos os sábados no HU-UFGD e conta com o apoio da equipe de Terapia Ocupacional e da Gerência de Ensino e Pesquisa. No último sábado (31), a oficina realizada com os pacientes foi escultura com biscuit. “A arte é uma ponte para o mundo interno do paciente. Por meio dela, é possível resgatar memórias, vivências e experiências, contribuindo para o alívio do sofrimento psíquico e proporcionando ao paciente uma forma de reorganizar e estruturar a psique”, explicou a integrante do projeto e acadêmica do curso de Medicina do HU-UFGD, Thaylla Bianca de Almeida Vilela.

Música, pintura, jardinagem e artesanato são algumas das atividades que são realizadas periodicamente com os pacientes. Segundo Thaylla, o fazer artístico também promove a integração social, ajudando a tornar o ambiente mais acolhedor e humanizado. “A arte, quando feita em grupo, promove a reintegração social. Isso faz os pacientes sentirem que fazem parte de algo maior, trocando experiências sem precisar falar. Isso é bem importante em casos de depressão, onde a pessoa tende a se isolar”, enfatizou.

Oficina de miçangas

No dia 18 de agosto, o Projeto Arte & Saúde realizou uma oficina de miçangas com os pacientes da ala psiquiátrica. “Quando os pacientes confeccionam as pulseiras, eles têm à disposição uma variedade enorme de miçangas de diferentes cores e formatos e a escolha de cores e formas pode, pra gente, estar ligada a essa comunicação do inconsciente. Além disso, mexer com miçangas pequenas e colocá-las em uma sequência exige cuidado e foco, o que pode melhorar a coordenação motora”, explicou Thaylla.

Formação humanizada

O Gerente de Ensino e Pesquisa do HU-UFGD, o médico psiquiatra Thiago Pauluzi Justino, afirma que a promoção de atividades com arte e saúde na instituição também ajuda a inserir o tema humanização na formação do médico. “Buscamos utilizar a arte como metodologia pedagógica para formação de médicos humanos, com perfil crítico e reflexivo. Desenvolver empatia na relação médico paciente é um dos nossos focos, bem como propiciar uma visão holística do ser humano dentro da medicina, integrando os conhecimentos técnicos clínicos farmacológicos com a humanização ao atendimento do paciente”, afirmou.

Além do Projeto Arte & Saúde, o Serviço de Psiquiatria da instituição oferece outras terapias complementares à farmacológica. São dezenas de atividades artísticas e manuais, como pinturas, desenhos e oficina de leitura, dentre outras. “Ao interagir com os pacientes, os profissionais e acadêmicos de medicina conseguem desenvolver sensibilidade à doença mental em todas as suas esferas, podendo observar não só a resposta ao tratamento farmacológico, mas também visualizar a reabilitação psicossocial do paciente”, explicou.

Setembro amarelo

Setembro é o mês de conscientização sobre a prevenção do suicídio no Brasil e a arteterapia tem potencial para atua na prevenção das doenças mentais como também do suicídio. “Há estudos que indicam que essa terapia pode aliviar sintomas depressivos, ansiosos, reduzir o nível do hormônio de estresse, o cortisol, bem como promover a reabilitação cognitiva com favorecimento de neuroplasticidade cerebral. A arte, por meio da música, pintura, dança e outras atividades afins, promove a catarse emocional, liberando emoções tóxicas e ruins reprimidas favorecendo a melhora da saúde mental e das doenças de fundo psicossomáticos”, afirmou Pauluzi.

Sobre a Ebserh

Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

Redação: Luna Normand

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