A estatal boliviana YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos) anunciou a assinatura de um acordo histórico para o transporte de gás natural da formação Vaca Muerta, na Argentina, para o Brasil, utilizando o Gasbol (Gasoduto Bolívia-Brasil). O contrato foi firmado durante o “Fórum Internacional de Hidrocarbonetos, Fertilizantes, Energias Renováveis e Alternativas”, realizado em Santa Cruz de La Sierra, e conta com a parceria da francesa TotalEnergies e do Grupo Matrix Energia, do Brasil. Segundo a YPFB, “este acordo representa um marco significativo na integração energética regional”.
O impacto do acordo é especialmente relevante para Mato Grosso do Sul, que deverá ver benefícios tanto na arrecadação de ICMS quanto no fornecimento de gás para a fábrica de fertilizantes da Petrobras em Três Lagoas. Atualmente, o gás natural importado via Corumbá gera cerca de R$ 90 milhões mensais em ICMS. Embora a reforma tributária, prevista para 2033, possa reduzir essa receita, a ampliação do uso do Gasbol fortalece a economia local. “Essa operação garante competitividade e solidez econômica ao Estado”, destacou um representante do governo sul-mato-grossense.
Gasbol ganha protagonismo com aumento na capacidade de transporte
Operando atualmente com menos de 50% de sua capacidade total de 30 milhões de metros cúbicos por dia, o Gasbol terá sua utilização ampliada com o novo acordo. O fornecimento de gás argentino começará em 2025, com 2 milhões de metros cúbicos diários, e deve atingir a capacidade máxima até 2030. Essa expansão é considerada estratégica para integrar as economias dos três países e garantir maior eficiência no transporte de gás natural.
O gás de Vaca Muerta desempenha papel fundamental na retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 (UFN3), em Três Lagoas. A fábrica, que contará com investimentos de R$ 3,5 bilhões, deverá ser concluída até 2026. Quando em operação, a unidade processará 2,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia, produzindo 3.600 toneladas de ureia e 2.200 toneladas de amônia diariamente. Durante sua construção, a UFN3 criará 8 mil empregos e, na fase operacional, manterá 600 postos de trabalho. “A conclusão dessa unidade será um divisor de águas para o setor de fertilizantes no Brasil”, afirmou um representante da Petrobras.
Integração energética impulsiona relações sul-americanas
O acordo trilateral entre Argentina, Bolívia e Brasil reforça a importância da cooperação energética na América do Sul. Além de viabilizar a conclusão da UFN3, o projeto visa reduzir custos e ampliar a oferta de gás natural no mercado brasileiro. “O Gasbol é um exemplo de infraestrutura eficiente, compartilhada entre os três países”, comentou um executivo da YPFB.
Essa iniciativa não apenas consolida a integração energética, mas também fortalece as relações comerciais na região, evidenciando o potencial estratégico da cooperação entre os países sul-americanos.