Na madrugada de quarta-feira, 8 de janeiro, o Parque Natural Municipal do Pombo foi palco de um marco histórico para a preservação da biodiversidade do Cerrado. Uma fêmea adulta de tatu-canastra, espécie classificada como ameaçada de extinção, foi capturada como parte de um monitoramento pioneiro conduzido pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agronegócio (SEMEA).
Com peso de 34 quilos e medindo 1,45 metro, o animal, identificado por registros fotográficos desde 2022, apresentava excelente saúde e escamas bem preservadas. Segundo Gabriel Massocato, coordenador do Projeto Tatu-canastra, o monitoramento por GPS trará informações valiosas sobre os padrões de movimentação e uso do habitat dentro e fora do parque. “Esse estudo permitirá identificar corredores ecológicos que conectam o parque a outros fragmentos de mata nativa, contribuindo para estratégias de conservação mais eficazes”, explicou.
Desde 2010, o Projeto Tatu-canastra já acompanha a espécie no Pantanal, mas a expansão para o Cerrado abre novas perspectivas científicas. Massocato destaca que as informações coletadas vão enriquecer o diálogo com comunidades locais sobre a preservação de áreas essenciais para a sobrevivência da espécie.
Flávio Fardin, representante da SEMEA, celebrou a parceria com o ICAS. “Acompanhamos todo o processo de coleta de amostras biológicas e medição do animal. Esses dados inéditos fortalecem o conhecimento sobre o comportamento da espécie no bioma Cerrado, ajudando a embasar políticas de preservação”, afirmou.
O Parque Natural Municipal do Pombo desempenha papel fundamental na proteção da fauna. Com o auxílio de 80 câmeras de monitoramento instaladas nos últimos dois anos, o projeto já registrou espécies raras e ameaçadas de extinção, como o cachorro-vinagre, o lobo-guará e a onça-parda.
Para Arnaud Desbiez, presidente do ICAS, o tatu-canastra assume o papel de um “detetive ecológico”, ajudando a mapear a conectividade entre fragmentos florestais em meio à matriz agrícola. “Identificar e preservar esses corredores é vital para manter o equilíbrio do ecossistema e reduzir os impactos das atividades humanas”, enfatizou.
Além do rastreamento por GPS, o projeto realiza análises de saúde comparativas com dados do Pantanal e monitora populações em Minas Gerais, abrangendo diferentes biomas. Segundo Desbiez, esses esforços consolidam uma visão mais ampla e profunda sobre a espécie, ampliando as chances de sua preservação a longo prazo.
O início do monitoramento da fêmea capturada reforça o papel crucial do Parque do Pombo como refúgio para a biodiversidade. A união de esforços entre ICAS, SEMEA e a comunidade local destaca-se como um exemplo inspirador para a conservação do Cerrado e da rica fauna que depende desse bioma para sobreviver.
Da redação