A PROPÓSITO DE “OPPENHEIMER”

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AQUINO CORRÊA (*)

Por questões de logística (moro numa pequena cidade), somente agora pude ver, num canal de TV fechado, o filme “Oppenheimer”, vencedor de vários prêmios hollywoodianos este ano.
Conheço muitos aspectos do projeto “Manhattan”; inclusive, já escrevi sobre o assunto.
Me chamou a atençào o fato de o diretor, Christopher Nolan, enfatizar os aspectos humanos do personagem principal, o físico teórico norte-americano J. Robert Oppenhermer.
De fato, não deve ter sido fácil para o cientista enfrentar tal dilema: cumprir um dever com seu país e, ao nesmo tempo, saber que, uma vez que o “gênio saísse da garrafa, pra lá jamais voltaria” – referindo-se à corrida armamentista, que perdura até hoje.
Além dos dilemas humanos do personagem, o filme também enfatiza as intrigas palacianas no centro do poder norte-americano, em especial a impostura e a hipocrisia da era McCarthy nos EUA (início dos anos 1950). O impostor Joseph McCarthy (senador republicano pelo Winsconsin, entre 1947 e 1957) seria, mais tarde, desmascarado pelo presidente Dwight D. Eisenhower (1890-1969).
Por opção, claro, do cineasta, os aspectos operacionais do projeto “Manhattan” foram pouco destacados no filme. Por exemplo: não foram algumas dezenas de pessoas que participaram do projeto. Foram mais de 100 mil pessoas…!
O que sempre me impressionou (e impressiona) foi a imensa capacidade técnica e operacional do Exército dos EUA. Imagine: numa época em que ninguém sabia (exceto os cientistas envolvidos no projeto) o que era a energia nuclear; não havia “know-how” para exploração, enriquecimento ou qualquer outro aspecto para a construção de tal artefato, os americanos, em apenas três anos, foram capazes de construur três bombas atômicas; testar uma, levar e detonar outras duas sobre o Japão, do outro lado do mundo, tudo com absoluto sucesso, pondo fim à II Guerra Mundial – em que pese o enorme número de vítimas, embora as vítimas estimadas (civis e militares) de uma eventual invasão da ilha principal do arquipélago japonês fosse muito maior.
Vale lembrar que, na época, os EUA gastaram estimados US$ 2 bilhões (mais de US$ 30 bi, hoje) no projeto “Manhattan”, enquanto enfrentavam duas guerras: uma, na Europa, contra o nazi-fascismo; outra, no Pacífico, contra os japoneses. Se fosse em outro país (Brasil, principalmente), nem a estrada até Alamogordo, no Novo México (EUA), teria ficado pronta…!
Quase meio século depois destes acontecimentos históricos, que marcaram o século XX, parecia que a corrida armamentista (nuclear) e a “Guerra Fria” haviam chegado ao fim em 1991, com a queda do império soviético. Entretanto, antes do fim dos anos 1990, eis que chega ao poder, na Rússia, um certo espião, egresso da antiga KGB (atual FSB), com enornes ambições imperiaristas. Então, o mundo voltou a conviver com o pesadelo de uma eventual guerŕa nuclear entre duas das maiores super-potências atômicas mundiais…!

(*) AQUINO CORRÊA é jornalista, escritor, MBA em Administração, e Auditor Fiscal (aposentado) da Sefaz/MT.

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